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Sonho de Machado de Assis


Nas ruas antigas

Do Cosme Velho

Espiono as janelas

Talvez das almas

Vejo Bacamarte

Vulgo alienado Simão

Ir trancar-se no hospício

Passo ao largo de Tio Antão

Arcado sobre si

Procurando os óculos

Me esqueço do emplastro

E trombo com sisudo cavalheiro

Casmurro e ligeiro

Temo que se afogue na ressaca

Ou, no alto de uma colina,

Perca-se nos olhos negros

De uma maliciosa Capitolina

Aceno com o chapéu

Para o traquina Quincas

Mas não sei se de mim

O pobre se apercebe

Quanto chegar em casa

Termino meu memorial

No conforto de minhas turcas chinelas

Vou evitar que a cartomante

Estrague minha noite de almirante

Irei, respeitoso e circunspecto,

Assistir à Missa do Galo

Assobiando linda cantiga

Que ouvi de uma noiva

Cheia de paixão


Marco Villarta

Lavras, 17 de junho de 2022.


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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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