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Estalagmite

Há na quietude

Algo de mergulho

Borbulho de quem se afoga

E vê nas bolhas do escasso ar que se esvai

A vida cessando de fazer ruído

As últimas dores antes dos lábios silenciarem

O frêmito que antecede nas águas paradas

As sutis e misteriosas aparições

Pois que é transformadora

A improvável experiência

Dos sentidos sem palavras

Dos conceitos sem seus símbolos

Da ausência simples, sem mediações

Dos corpos em camadas de realidade

Do quanto tempo e espaço já não são

Há no lusco-fusco infinitos portais

Wormwholes para desconhecidas direções

E quando somos visitados

Nos intriga não podermos retribuir a gentileza

Da mágica visita

Já não importa

Quem passamos a ser

Quem deixamos de ser

Já é amálgama de universos

Já não estamos lá, nem aqui

Antes, agora ou depois

Nos espraiamos no existir

E, de uma difusa maneira,

O pouco e muito que compreendemos

É que, afinal, não estamos sós.

 

Marco Villarta

Oliveira/MG, 25 de agosto de 2025.

 

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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