Caminhos estéticos...
Literatura, cinema, animação, História em Quadrinhos, gastronomia, música... quantos encontros, quantos diálogos... no desvão entre eles, vou me (des/re)construindo. E aos outros que enxergo, imagino, deliro. Você está mesmo diante de mim ? Sua imagem não vem de dentro de mim ? Às vezes quase sinto que a minha imagem no espelho vai falar... no imenso de labirinto de sonhos não sei quem sonha quem ou o quê... será que acordar é morrer ? Ou fazer extinguir alguém ou algum mundo que sonhamos ? Enquanto isso, vou caminhando...
Evanescências, finitudes... sempre me tocou o poema Tabacaria, de Fernando Pessoa. Principalmente este trecho:
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.