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Sonho de Federico Fellini


Talvez encontre o Marcello

Num ensaio de orquestra

Ou na doce vida romana

Ginger espera por Fred

Mesmo em branco e preto

Às vezes falta inspiração

Para o filme seguinte

A bitola de película antiga

Mas a cantiga não cessa

A voz vem, talvez, lá da Lua

E é na noite da rua

Que Cabíria vê, afinal,

Que, como a nave,

a esperança também se vai

tal qual a Julieta

nos seus espíritos, no irreal

o circense de um mundo

às vezes idílico,

outras tantas, bem cruel

Ao final da entrevista

Fica a pé na poeira da estrada

O sorriso se paralisa nos lábios

Sequer a trapaça foi bem sucedida

Na cidade das donas o desejo finda

Pois é essa a lição de tal cinema

Entre bufões e clássicas figuras

O mundo se desenha, se embaralha

O real é ainda mais inventado

Quando imita como pintura

O tragicômico, entre o riso

e o pancake que trinca

Em reminiscente fratura.


Marco Villarta

Lavras, 20 de junho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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