top of page

Álogo


Olho para o lado e já desconheço as direções A ausência é inimiga dos pontos cardeais Sem ponto de referência, vago aos ventos Sucumbo ao silêncio de sons que se calaram Qual folha seca, temo sem medo a espera Por desavisados pés que irão triturar A ressecada forma do que já foi algo melhor Um alguém que perdeu uma doce luz solar Aquecendo a alma, dando direção Para as abelhas encontrarem alimento Não há mais pólen, não nascem mais as flores É verdade: o tempo ameniza, aos poucos, as dores Mas engana. Apaga, para isso, a dolorida alma E somente barganha. A dor de quem vaga É da natureza do eterno e misterioso antes Um impossível ponto que precede a Criação Não sobrevivemos a isso, não importa a luta Somos filhos do tempo, matéria dos sonhos Enregelada névoa vai impregnando a língua Sem o outro, a palavra deixa de acontecer.


Marco Villarta Lavras, 13 de setembro de 2021.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page