Vislumbres
- Marco Villarta

- 22 de mai.
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O alegre gecko leopardo
toma sol numa pedra quadrada
O velho arquejado se banha
é de outro povo que não sei divisar
O jovem, no sonho, séculos atrás
ouve de sua amada
a gaélica canção
Compreende sua origem
Com a vaguidão com que é possível
enxergar a tênue matéria do tempo
Não sei quantos mais vou vislumbrar
Mas, hoje sereno,
sei que em todos eu fui
e que as formas cambaleiam
tremeluzem na coreografia
dos ires e vires
devires
menires
que circulam a roda da vida
sei pouco do que eu sou
sou singular
sou parte do todo
sou o todo em centelhas
metamorfoses
meios de se compreender
Já aprendi ser sonhado
e me comprazo que, ao fim,
serei memória do Ilimitado
eterno também
só desconheço
a quem eu ajudo a sonhar
serão as joaninhas do meu jardim
os dóceis e fugidios saruês
o perfume de uma orquídea
ou a singela flor do mato
que teima em tomar sol
nas frestas do chão?
Marco Villarta
Lavras, 31 de dezembro de 2023




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