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Visgo

A falta que a falha faz

quando esgarça a história

que temos

quando traça a linha

do que tememos

perder

ver(-se) desvanecer

Feito névoa, diáfana neblina

no escuro dos corroídos muros

nas fronteiras do espelhado céu

pois o que pensamos ser distância

é reflexo

esférico nexo

circunvoluindo

persistindo

para além do que ainda vemos

no aquém em que vivemos

paradoxo a memória

ser amálgama de ausências

intermitência do que já não somos

insistência na nitidez do que fomos

sutil desconfiança de sermos

algo mais do que um ou dois

o intermédio entre o antes e o depois

o epilogo que antecede o preâmbulo

sonâmbulos

trôpegos

tateando o que já não está

haverá de ser

haverá de ter

mais que a almejada resposta

mais que a densidade do espelho

mais que a dor paralisante dos artelhos

que nos põe de joelhos

ante o mistério

ante o etéreo

eternecer.


Marco Villarta

Lavras, 16 de outubro de 2023.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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