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Viandante

De Paris Gabriel García Márquez Viu na sua natal Aracataca A mítica Macondo Onde os nomes Se embaralhavam Nas cartas que Por vez, também previram O passado Eu, menos andejo, Andarilho provinciano Vejo na antiga chácara Os nonnos velhos (e mortos) Cantando A memória da farinha de mandioca Ainda quente nas mãos de menino Meus mitos são prosaicos Como o colorido barranco sedimentar Visto das janelas do ônibus Aos domingos É estar a família junto O escurecer angustiante O rádio com o futebol Narrado com muita estática Incompreensível (suspeito eu) Até mesmo para os ouvidos colados Do tio nervoso, torcendo Na neblina do pesadelo infantil Hoje vejo o tempo Talvez irreversível Na contagem digital Mas refeito, sempre, No paciente trabalho Da memória Visto(-me) de fora Para mergulhar no poço Que nunca abri Já não sei se era Para prover a água para Quarar a roupa ao sol Ou se, vacilante, Enxergo minhas Próprias profundidades.

Marco Villarta São José dos Campos, 20 de julho de 2021.


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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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