Tristes em Cantos
- Marco Villarta

- 15 de dez. de 2023
- 1 min de leitura
O que será da poesia?
O que será de todos nós?
Quantos antes e depois
de tantas Auschwitz
de Acostas Ñus
de Hiroshimas
esgazeados genocídios
sob medalhas e triunfos
Como entender os épicos cantos
nascidos de sangrentas guerras
Se somos capazes de vir
para cá dos versos e avessos
dos anversos e dos amplexos
Cantamos a mão que nega um aperto
cantamos a ausência dos afetos
Mas alguns de nós, teimosos
ainda cantam a responsável doçura
ou a amargura, amor de agruras
que nos espicaçam cada pedaço
da corroída alma
o esgarçado tecido do existir
sem nunca entendermos
a face que nos vê para além do espelho
a dura e acusadora outra tez
a única que nos enxerga
talvez por isso nos ameaça
e a vez da possível descoberta
do que somos, enfim,
nos doa tanto
mas enquanto houver um canto
pode ser que haja esperança
ainda
no respirar que finda
no deixar-se deslizar
até
Marco Villarta
Lavras, 15 de dezembro de 2023.




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