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Travessia

A viagem é sempre incerta Sem paradas definidas Sem despedidas programadas Há tantas paisagens A maioria se perde dentro da nave Em querelas insensatas Sem prestar atenção nas escotilhas Mesmo, eu, que converso pouco E brigo menos ainda Sinto perder tantos detalhes Queria entender o olhar atento E a língua astuta das pequenas lagartixas Ver o que veem as águias no topo das montanhas Compartilhar o descanso preguiçoso dos ursos Ou a pressa das abelhas por viverem tão pouco Gostaria, mesmo, de ser luz Para viajar pra lonjuras mais distantes E iluminar os escuros astros escondidos no nosso céu Talvez, bem menos, poder voar com os pirilampos Vagalumeando pelas estradas em luz Sem perturbar o brilho das estrelas pontilhando a noite Queria conhecer as outras dimensões Que acaso vamos experimentar Nos ciclos infinitos que vão além desse estágio do viver Mas, pelo menos, queria, em vez do próprio coração Ouvir o som sísmico da mãe terra Como um colo para consolar pelas perguntas sem resposta E pela solidão compartilhada de quem não sabe onde descer.

Marco Villarta Lavras, 15 de setembro de 2021.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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