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Tigres, tigers


Tigres, tigres de Blake, Borges, Kipling De Dante na perigosa e escura selva Brilham, queimam, rolam na relva Cifrando tão escatológica profecia

Como esquadrinhar feérica simetria? Dos olhos saem fogo, brilho do céu Podem ser argênteos, serem azuis nas telas de Dali são surreais projeções

Tigres são as mais impossíveis criações Felinos livres, sem amarras, correntes Que humano martelo não pode quebrar Nem um Ragnarok os limita, os detém

Suas lágrimas, se nos céus chorarem, Hão de inundar todos os terrenos rios Na calma paz dos distantes prados, frios No contar que abarca o bardo que os diz

No seu flamejante olhar conjurar seus cios, Nomeá-los é contar de que foi seu alimento Há quem possa descrevê-los, no garbo mítico No tempo sem tempo do recém da criação?

Não. Seu coração escapa ao humano siso Aviso: são místicas esfinges, deuses quase Mesmo nas celas, servindo de espetáculo São oráculo, palavra de um canto, de poema

Da Comédia Divina, são, no início, tema Brilham, queimam, reluzem os olhos deles Sequer chegaram a adentrar o Paraiso Sinal que os deuses, às vezes, têm juízo.


Marco Villarta Lavras, 14 de agosto de 2021.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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