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Tchetyre


De todos os rios Que fluem para o infinito mar Me fio nos que o desafio Da difícil arte de navegar Está mais nos ternos sonhos Que nas calejadas mãos De anestesiados marujos De todos os ventos Que confluem para os elísios ares Prefiro os que não se percebe Senão pelo leve ardor nas faces Quando, num momento infinitesimal, Os olhos se calam Diante da imperceptível brisa Que alisa a pele e descansa a alma De todos os solos que sustentam os pés Sinto-me seguro nos que, de intermédio, Não são nem viscosa lama, Nem pontiagudas pedras Mas amável barro, sensível ao sopro Maleável ao hálito que do mistério Na tremeluz emana E, enfim, quando me recordo vagamente De ter sido em remoto pretérito Lenta e gentil salamandra Aprecio os fogos tépidos Que nem queimam, Nem deixam enregelar As almas que passeiam As calmas relvas Das primevas selvas E espantam, em solene leveza, A escuridão das terras, As espessas trevas.


Marco Villarta São José dos Campos, 06 de abril de 2023.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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