Sutileza
- Marco Villarta

- 16 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Viver, acredito,
É sorver rarefeitas texturas
Quase invisíveis cenários
Inaudíveis canções
É marzipan se desmanchando
Última gota de água
Em sedenta garganta
É teia de aranha
Casca de pêssego
Orvalho da manhã
É roçar da seda
Fugaz brisa nas faces
Barulho de bicho
De inaudíveis decibéis
É perfume do outro
Na saudosa recordação
É o antes do beijo
Na lenta aproximação
É pisar sem pôr peso
Para vendar os olhos
Do ser amado com as mãos
É o não perceber do tempo
Traiçoeiro escoar
Inimigo do instante
Viver é frágil condição
Sem certeza
Do minuto seguinte
Da descoberta
Da memória faceira
Que recria o passado
Do sonho rebelde
Que insiste em futurear
É ponto cruz de bordadeira
Filigrana de ourives
É tear de fiandeira
Mas nós somos a trama
Do invisível tecido
Fluido impreciso
Do infinito mar.
Marco Villarta
Lavras, 16 de junho de 2022.




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