Sorôco
- Marco Villarta

- 4 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Passeio pelas cidades
E prefiro as pequenas
Nelas, gosto das bordas
Como quando como
Uma torta proibida
Para a silhueta perfeita
Procuro estradas de terra
Transições entre casas
E pastos
Detenho-me nas ruínas.
As prediletas, sempre,
São as antigas estações de trem.
Na criança que cresceu
Sem ter andado neles
Ressurge uma memória inventada
De apitos
De alvoroço de malas
De pessoas que chegam
E vão.
Dois lados da mesma viagem
Diz a voz mineira de Milton
Mas, para mim,
Estação é lugar
De despachar-se a vida
De ensaiar um nunca mais
Lugar de chegar-se cantando
A melodia rouca
Do exílio.
Sou louco, sou rouco
E quase parto, todos os dias,
Para a estação que Rosa
Desenhou.
Sonho com a utopia
De que outros cantem junto
Doi-me cada fibra do ser
O temor de que continue
Essa solidão
Dos outros se esquecerem
Estar na mesma estação.
Marco Villarta
2016




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