top of page

Sorôco


Passeio pelas cidades

E prefiro as pequenas

Nelas, gosto das bordas

Como quando como

Uma torta proibida

Para a silhueta perfeita

Procuro estradas de terra

Transições entre casas

E pastos

Detenho-me nas ruínas.

As prediletas, sempre,

São as antigas estações de trem.

Na criança que cresceu

Sem ter andado neles

Ressurge uma memória inventada

De apitos

De alvoroço de malas

De pessoas que chegam

E vão.

Dois lados da mesma viagem

Diz a voz mineira de Milton

Mas, para mim,

Estação é lugar

De despachar-se a vida

De ensaiar um nunca mais

Lugar de chegar-se cantando

A melodia rouca

Do exílio.

Sou louco, sou rouco

E quase parto, todos os dias,

Para a estação que Rosa

Desenhou.

Sonho com a utopia

De que outros cantem junto

Doi-me cada fibra do ser

O temor de que continue

Essa solidão

Dos outros se esquecerem

Estar na mesma estação.


Marco Villarta

2016

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page