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Sintagma

Como dizer que não sei

das coisas da vida

 se o objeto do desconhecer

é o incerto mistério

Como dizer do que receio

se o que me afugenta

é o incognoscível terror

Como dizer das tênues fronteiras

se não delimito nas frágeis palavras

a não coincidência das coisas

E não é por que me escapa

a presunçosa precisão dos termos

mesmo os mais duros jargões

são diáfanos gestos

de tocarmos de leve

a superfície dos mundos

de apontarmos com delgados dedos

com trêmulos gestos

o intangível aqui e agora

e se é apenas essa a hora

a única certeza do instante

o vacilante dizer

é rio de margens ordinais

para muito além da terceira

 e certeira é somente

a breve epifania

o milagre da maravilhosa

breve pulsação da alma

em cada incalma aparição.


Marco Villarta

Lavras, 28 de agosto de 2024

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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