Singularidades
- Marco Villarta

- 21 de mai.
- 1 min de leitura
Sei que há vidas dentro das vidas
Feito infindáveis bonecas russas
Não mais desdenho, nem descreio
Dos incontáveis elos,
Da corrente transtemporal
E quase já não me importo
Em saber quem sou
Foi dolorido, penoso desapego
Não me fiar no âmago estático
Na essência sólida
Sei que sou, que somos
Os misteriosos intervalos
Os intermezzos da cósmica projeção
Sei que sou o que somos
E nessa rede, no trançar dessa teia
No ilimitado desse labirinto em espiral
Se sou parte, sou o todo em miniatura
E agora penso entender a esmeraldina tábua
É no caleidoscópio desses rostos que se veem
No inacabado de multivariadas perspectivas
Que (nos) vemos (n)o próprio ato
Talvez sem nos darmos conta
Porque não basta a silenciosa visão
Há que se viver (em) cada posição
Experimentar as dores e alheias delícias
Transpor o escuro rio da incomunicabilidade
Exorcizar a desafiadora e ilusória solidão
Pois o que temos, o que vemos
O que podemos dizer
Com ou sem a humana linguagem
É que somos, que fomos
Que sempre seremos
Plurais.
Marco Villarta
Lavras, 28 de agosto de 2024.




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