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Singularidades

Sei que há vidas dentro das vidas

Feito infindáveis bonecas russas

Não mais desdenho, nem descreio

Dos incontáveis elos,

Da corrente transtemporal

E quase já não me importo

Em saber quem sou

Foi dolorido, penoso desapego

Não me fiar no âmago estático

Na essência sólida

Sei que sou, que somos

Os misteriosos intervalos

Os intermezzos da cósmica projeção

Sei que sou o que somos

E nessa rede, no trançar dessa teia

No ilimitado desse labirinto em espiral

Se sou parte, sou o todo em miniatura

E agora penso entender a esmeraldina tábua

É no caleidoscópio desses rostos que se veem

No inacabado de multivariadas perspectivas

Que (nos) vemos (n)o próprio ato

Talvez sem nos darmos conta

Porque não basta a silenciosa visão

Há que se viver (em) cada posição

Experimentar as dores e alheias delícias

Transpor o escuro rio da incomunicabilidade

Exorcizar a desafiadora e ilusória solidão

Pois o que temos, o que vemos

O que podemos dizer

Com ou sem a humana linguagem

É que somos, que fomos

Que sempre seremos

Plurais.

 

Marco Villarta

Lavras, 28 de agosto de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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