Shapes
- Marco Villarta

- 13 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Invejo
Fictício metamorfo
Que pode experimentar
Ser o olho dos pássaros
Ou delfim nas águas
Neve eterna
De solenes montanhas
Ou profundo poço
Que hospeda
Estranhos peixes
Cintilantes
Na densa escuridão
Que pode ser o vento
Em morna brisa
Ou incandescente lava
Em seu lento
Mas intenso calor
Invejo
A incansável luz
Rápida e antiga
A atingir, sem fim,
Impossíveis confins
Invejo, enfim,
Ser o vácuo calmo
A hospedar o curvo espaço
O tempo elástico
E penso
Que o aprender
Nessa provisória forma
É sentir a falta
E auferir valor
De ser parte
De infinitos versos
Que o calmo não-saber
Elabora em sua lenta
Corrida
De ser incansável tartaruga
Que transmuta a ilusão
Que o existir ou não
São pontas de fina linha
Lados do fino vidro
De curvo espelho
Sagrado escaravelho
Que, perene,
Não teme cada ciclo
Que desconhece o fim.
Marco Villarta
Lavras, 11 de junho de 2022.




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