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Shapes

Invejo

Fictício metamorfo

Que pode experimentar

Ser o olho dos pássaros

Ou delfim nas águas

Neve eterna

De solenes montanhas

Ou profundo poço

Que hospeda

Estranhos peixes

Cintilantes

Na densa escuridão

Que pode ser o vento

Em morna brisa

Ou incandescente lava

Em seu lento

Mas intenso calor

Invejo

A incansável luz

Rápida e antiga

A atingir, sem fim,

Impossíveis confins

Invejo, enfim,

Ser o vácuo calmo

A hospedar o curvo espaço

O tempo elástico

E penso

Que o aprender

Nessa provisória forma

É sentir a falta

E auferir valor

De ser parte

De infinitos versos

Que o calmo não-saber

Elabora em sua lenta

Corrida

De ser incansável tartaruga

Que transmuta a ilusão

Que o existir ou não

São pontas de fina linha

Lados do fino vidro

De curvo espelho

Sagrado escaravelho

Que, perene,

Não teme cada ciclo

Que desconhece o fim.


Marco Villarta

Lavras, 11 de junho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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