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Salmo cotidiano


Incognoscível divindade

Que eu sinta nos raios de sol

Sua indefinida face

Que a brisa suave

No remanso das tarde

Seja meu descanso

Por ser seu hálito de vida

Porque me faltam

Todas as forças

E a esperança de continuar

Se teus anjos puderem

Dar atenção a cada formiga

A cada alga do profundo do mar

Que possam, também,

Amparar minha pequenez

Não é falta de gratidão

Pelo inestimável do existir

É, antes, a mais sincera prece

Que a alquebrada alma

Consegue enunciar

É humildade dos pés machucados

Pelas pontudas pedras da estrada

Inefável divindade

Se possível for

Dissipa tamanha solidão

Quero voltar à unidade

Que pude ter num lampejo

Um insignificante momento

Do tempo para o sem-tempo

De sua dimensão

Nessa base da árvore

Onde me encontro

Tudo o que é sólido

Se desmancha entre as mãos

Tudo o que é certo

Está perto do fim

Assim me debato

E é fato que já não sei

Cumprir o caminho

Nesse doloroso ínterim.


Marco Villarta

Lavras, 01 de julho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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