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Réu confesso

Às vezes me acho marciano

E no rótulo de louco me encaixam

Desconfio que meu cotidiano

Não é realmente muito normal

Ando a procurar coisas estranhas

Sentimentos e atos em desuso total

Me interesso pelos que me antecederam

E trilharam suas próprias estradas

Com a mesma e perplexa incerteza

Com as angústias de dores no plexo

Ante o complexo desafio existencial

Sou talvez, de outras galáxias

Ou aparentado a duendes, salamandras

Ou qualquer outro discreto elemental

Sou de grandes mergulhos

De inquietações quase infinitas

E de entusiasmo também quase infantil

Pelos nexos entre os tempos e espaços

Pelos passos com que nos conectamos

Pelas teias que sem saber construímos

Se abusar, intuo de inventada distância

O desenho que compõem nossas faces

No minimalista mosaico da vida

No que exista de sublime, de desenlace

Sou doido, mesmo, mas é a matéria

Dos meus mais lindos sonhos

E não me oponho, nessa Terra

A ser o que sou.


Marco Villarta

Lavras, 05 de julho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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