Réquiem para o tempo perdido
- Marco Villarta

- 22 de mai.
- 1 min de leitura
Para Marcel Villarta, Neusa Cardoso e tantos mais
Medito sobre todos os fracassos
pequenos ou grandes
Sinto a memória de variadas dores
ainda impressas no corpo
ou esculpidas na alma
percebo, em perspectiva,
o fluxo fluvial do tempo
e sei, hoje,
como sempre desconfiei
ou ansiei
que não é uma seta
em única direção
nas lembranças do velho
as vivências do jovem
ficam mais nítidas
os cheiros dos bolos
nos fornos antigos
ainda sem luz
continuam ansiedade e alegria
a farinha de mandioca
recém assada, comida
no côncavo da menina mão
os cheiros dos preâmbulos
e do recompor-se dos atos de amor
Agora, a incerteza da curva final
é futuro que parece imitar
o desconhecido passado
as saudades não esmaecem
as ausências ficam mais intensas
e as tensas esperas
viram caleidoscópio de sensações
simultâneas sincronicidades
atrozes ou felizes
ou ambas e algo mais.
Marco Villarta
Minas Gerais, 28 de dezembro de 2023.




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