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Rotas


No descompasso

dessa batida

O coração palpita

que nem de longe

Nos errantes passos

de ilusória despedida

Esmaeço minhas cores

Estremeço meus rumores

Que as dores hão de ter fim

Que o tempo não é assim

Em outros mundos tão diversos

E se desconverso sobre mim

É porque me sinto incompleto

E caminho direto

para o camarim

tiro do rosto o carmim

que me faz fingir

seguir perfeito

estar ainda inteiro

depois, se sorrio

é pelo que fomos

é pelo que seremos

pois sei que nos veremos

nas esquinas de existências

escondidos por entre os portais

roubando beijos seus

meus eus não serão mais um

sem seus olhos, sem a visão

do rosto que me faz crer

ser possível ver a criação

a face sem rosto de Deus

as mãos que se revelam

na mais perfeita emanação

Já não sei o que digo

Desse antigo, eterno laço

Terno abraço que é canção

Que é talvez defeito

De se fazer rarefeito

Em cada ressurreição.


Marco Villarta

Lavras, 06 de julho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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