Profecia
- Marco Villarta

- 22 de mai.
- 1 min de leitura
O diáfano roçar
da imperceptível seda
das mãos que quase se tocam
dos lábios que hesitam
o definitivo beijo
os destrutivos turbilhões
os fluidos que correm
os que partem
os que morrem
as tristezas mais profundas
e as corrosivas decepções
a insuportável luz da supernova
as inexplicáveis escuridões
os atos abruptamente interrompidos
e os que nem chegam a se realizar
as promessas que se trincam
sem remendos, nem retorno
as esperanças, ainda que ingênuas,
ainda que absurdas, utópicas
as frases por dizer
enlaçando os silêncios
tão solenes e tão triviais
dos limosos telhados
antes ou depois
da ronda dos inquietos gatos
o profundo e sincero
olhar dos cães
Hão de valer a incompleta sina
Hão de fazer cumprir a pena
ou a dádiva de estarmos aqui
a desesperada e sublime poesia
Hão de ser memória do infinito
no sem-fim do ilimitado rio
no mistério do fio
com que se tece
o inescrutável tempo
com que se enlaçam
todos os destinos.
Marco Villarta
Lavras, 30 de maio de 2024.




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