top of page

Performance

Se falseio os gestos

se em falsete canto

os roucos cânticos

em desafinada celebração

das incompletas sílabas

das fragmentadas frases

das estilhaçadas faces

com que os narcísicos espelhos

tocam meu olhar

se meneio o cansado crânio

e busco um ausente ombro

onde recostar

se trapaceio os conceitos

como se fosse certa

minha convicção

 Se símile a outro qualquer

 fora do palco

sou só nudez

quando me dispo da escura túnica

quando não há rosto

 por detrás da persona

 se me refugio

 nas marítimas conchas

 nas mais recônditas caves

quando a noite cai

e o anfiteatro sucumbe

ao mais denso silêncio

 aos tril(h)ares das sombrase antes de me recolher

 junto os andrajos

 amarfalho os pedaços

 do que, fingindo

,já fui.

 

Marco Villarta

Lavras, 12 de outubro de 2024

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page