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Pedagogia

Por que não nos ensinam

Que não existe beleza

Sem as necessárias dores?

Que não se pinta um quadro

Sem suas mais obscuras sombras

Sem as intermédias penumbras

Que não se esculpe a bruta pedra

Sem suas reentrâncias,

Sem seus veios

Por que não nos ensinam

Que o belo não é a indiferença

De uma morna cena blazé

No avesso

É picada de abelha

Centelha de intenso provocar

Dos nossos disformes contornos

Ou dos borrões que os confundem

Por que não nos ensinam

Que os mesmos latejantes espasmos

São, às vezes, o que nos irmana

Humanos

Velejantes sob o mesmo incerto céu

Por que não nos ensinam

Que a eventual felicidade

É a calma de percorrer picos e poços

Abismos e montes

E é nessa paisagem nada monótona

Que nos vemos

Vivemos

Aprendemos.


Marco Villarta

Lavras, 28 de novembro de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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