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Passagem

Atualizado: 20 de jun. de 2022


O tempo... ah, o tempo

Condenados que somos

A migalhas das coisas

Metonímias da verdade

Tempo são as rugas

As dores para além das dores

Outras

É lembrança de quando

As fotos ainda não eram amarelas

Ou digitais

em pastas recentes

a surpresa no espelho

do que chega com a lembrança de quem foi

do que se vê

estranhando-se

Perguntando-se

Para onde foi ?

Tempo

Até mesmo as rochas enrugam-se

A face do céu se desconhece

Os éons se pontuam

Entremeiam-se

Entre um esquecimento e outro

A vida é um sopro, disse o arquiteto

O espírito sopra onde quer

Disse uma tradição

Talvez seja nobre a comparação

Com anjos e deuses

Desconfio

Que esteja mais

Para folhas secas tocadas

Por um sopro

Uma ventania

Que meteorologista não prevê

Porque viver não se antevê

Não se preouve

Não se toca antes de já ter sido

A angústia de tudo

É que a lembrança

Não tem outro lado.


Marco Villarta

2016

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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