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Parábolas

Será que as palavras voam?

Sei que as palavras ressoam

Que se espraiam pelos tempos

Pois todo infinito é um evento

Irreconhecível momento

Que ultrapassa qualquer espaço

Que vai nos escrevendo com traços

Que são mistério dentro do sonho

Sonho dentro de suave delírio

Será que as palavras criam?

Sei que as palavras nos enviam

Para insuspeitadas dimensões

Que às vezes são escuros porões

Outras, tantas, são redenções

Será que as palavras iludem?

Ainda que mudem a cada pronunciar

Sei que as palavras têm a textura

De fino biscoito que se desmancha

Na boca que se abre para enunciar

Esses mágicos símbolos, óbolos

De diferente barqueiro: Não são efígies

nos olhos dos que morrem

São o que temos das coisas, e erigem

Ora, portentosos castelos

Ora, tormentosos desvelos; são a herança preciosa

Que compartimos com outras gerações.

Acho que cada palavra é uma criança curiosa

Que depende de cada um dos humanos

Para crescer e construir mundo próprio

Se são opróbrio, se são gentis ou até divinas

Dependem do profundo da alma, de quem fala

São valises, são malas onde arrumamos, da vida,

O que começa, e também o que termina.


Marco Villarta

Lavras, 22 de junho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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