top of page

Nirvana

Fico imaginando

O fim do nosso universo

O momento último

Em que o derradeiro átomo

Vire um fóton

E o quase infinito

Vire uma fraca

Árvore de Natal

E nessa dispersa e fraca luz

Cada alma seja uma estrela

Pesarosas pelo que sofreram

Radiantes pelo que viveram

Em mútua paz

Em recíproca harmonia

Nesse momento sem tempo

Nesse evento sem dia

Imagino que o silêncio seja

Enfim compreendido

Não como triste ausência

Mas como polifônica melodia

Redescoberta da uníssona natureza

Contemplação em si

De todos os outros

E no todo, sem fim,

A fria luz se apagando

Para ser semente outra vez

E cada uma ser o cíclico recomeço

De infinitos universos

E os coros não serão somente

De angélicos seres

Não imagino o que será sentido

Não alcanço o entoar sem nenhum ruído

Sem todo, nem partes

Será talvez, no mais próximo do que fazemos

A plena senciência

O fluir de todas as artes.


Marco Villarta

Lavras, 25 de julho de 2022.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page