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Mutirão

Clamei ao Universo

Um verso de alento

Em que tento diverso

Caminho, e, converso,

Me rendo ao sublime

Tergiverso sobre os limites

Solfejo sons que sibilam

Antevejo tons que rebrilham

Reúno os tantos fragmentos

Guturais cantos de lamentos

Ulcerosas trilhas na carne

Cicatrizes de descontínuos tempos

(in)felizes, intermitentes passos

Em incertos, desconexos espaços

E se traço trilhas desproporcionais

É por ciclos, por trajetos fractais

Não me culpo por supostas fraquezas

A beleza do humano itinerário

É arrendatário de necessárias memórias

Histórias que recriamos em confusos nexos

Avessos a causais explicações

Nessa sincrética harmonia

Os versos são realidade possível

Redenção de nossas piores sombras

Heroico resíduo que andrajosas palavras

Permitem responder ao de mais indizível

Risível recurso de quem, perplexo,

Se encanta pelo fazer com sutileza

Do que só é passível com o viver da arte

Parte única que justifica e transcende

Cada finitude que nos dissipa em pó

Fecunda sorte de quem pode se conceder

Coexistir.


Marco Villarta

São José dos Campos, 09 de outubro de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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