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Quando chego

perto de enlouquecer

Não a doce loucura

travessa

irreverente jeito

de desconhecer

as coisas mesmas

Mas a outra

o desespero de não poder

de não mais

ver o fio da vida escorrer

Vem a poesia sentar-se

no meio-fio

nas noites frias

quando não se tem

como esconder

do inverno interior

do estertor que ensurdece

sem ser ouvido

por ninguém

a poesia se achega

e apenas fica calada

e empresta o seu quê

de divino se manifestar

e o destempero ameniza

até o ponto

de um doce que se firma

sem desandar

generosa, cede seu engenho

para quem, já sem empenho

sente a força arrefecer

e traduz em sonoros versos

os adversos tons

do endolerecer.


Marco Villarta

Lavras, 12 de junho de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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