Molitva II
- Marco Villarta

- 22 de mai.
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Desperto cansado de todas as dores
De todos os sonhos
E sinto no espelho do tempo
A fatigada antiguidade da alma
exaurida por tantas viagens
Sofro pelos que sofrem
Respiro o pouco ar
das profundas cavernas
o rarefeito vento
de estratosféricos invernos
e na quase inaudível melodia
do quase silêncio das noites
tombo minhas sombras
na face intangível do Ilimitado
Me resigno ao impossível
de se conhecer
resisto aos fortes furacões
Já não sou eu
nem sei quantos já fui
ou que por ventura
ainda poderei ser
Por entre os sonhos do infinito
sinto ser pequenina centelha
da lua de Shiva
no átimo de cósmica poeira
em que me irmano
a todos os demais
sou ínfima parte
de tênue regolito
sou singularidade
assim como sou parte
da indistinta fonte
e se sei que me despedaço
é porque enfim retorno
à evanescência da luz
à incompreensível
e mais que infinita
dispersão.
Marco Villarta
Oliveira, 24 de dezembro de 2023.




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