Lares
- Marco Villarta

- 5 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Chego em casa
O cansaço do corpo
Como que uma ausência de alma
As sandálias se arrastam
Detenho meus olhos na chama dos lares
Nas escarpas alaranjadas das chamas
Vejo o futuro e não o passado
Por um átimo
Encontro com os olhos
Piedosos
interrogativos
De filhos que não terei
De gerações que pisarão
O chão sem saber
Que seus calçados
Carregam um pouco de mim
Pó que voltei a ser
Tornarei às montanhas
Ao fundo dos mares
Quem sabe às estrelas
De onde saímos todos
Na face crestada
O suor já não escorre
Não há pranto
Nem sede
Suspeito, porém,
Que olhos passados
Também observam
Sou o que foram
Serei os que não sei
Misterioso capricho
O tempo
Aracne, descubro,
Não foi punida
Por tecer lindos tecidos
Era o tempo, talvez,
Que com graça
e beleza
teceu
o que enciumou Atená.
Marco Villarta
23 de outubro de 2017




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