Jornada
- Marco Villarta

- 22 de mai.
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Os pés descalços pisam a terra morna
E tornam errantes
para o de onde partiram
para o de antes de terem nascido
Retiram-se leves, como o orvalho suave
Ou a tépida brisa que mal se sente soprar
As mãos calejadas roçam os ásperos troncos
Mas nesse encontro rugoso tudo é sutil
Por entre os sulcos da planta e do humano
Há fluíres, mistérios que mais que devires
E não há quem tire essa íntima relação
Os olhos fechados adivinham um possível pássaro
Atento à matinal tocaia dos despertos gatos
Erráticos caminhos
Pouco divergem
Das retas estradas
Que o começo e o fim
Se arredondam
Em círculos, esferas
Parábolas, espirais
A caravana da vida difere das formigas
Em sua estrita obsessão
Assemelha-se mais às circunvoluções
Da fumaça indócil
Que teima de ziguezaguear
Rumo a não se sabe onde
Para evanescer-se não se sabe quando
Em algum misterioso ponto
Do rarefeito ar.
Marco Villarta
Lavras, 01 de fevereiro de 2024.




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