top of page

Intescópio

O que de meus olhos

é essencialmente meu?

No cenário que vejo

suspeito como terão sido

os outros olhos que o povoaram

e desconverso, desconvexo de mim

impossível ver-se vendo

impossível vendo os olhos outros

descortinando mundos, sensações

quando olho a face alheia

me vejo sendo olhado

e nem isso sei de mim

prescruto o abismo entre

olhar e ser olhado

e não signos dessa infinita

e indefinida solidão

somos sempre sós

mas se somos assim

é no desconhecido do nós

no território comum

que nos sabemos

que nos desconhecemos

que vivemos

mesmo quando

perecemos.


Marco Villarta

Lavras, 16 de abril de 2024.

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page