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Inglória arte

Arrancar da terra as raízes mortas Trancar oxidados ferrolhos De pesadas e ruidosas portas Sem ter cerrado os olhos Sem ver inesperado escuro Que o futuro oferecerá Juntar com a paciência Dos inúteis, repetidos gestos As folhas secas, estéreis Resignados votos Ao que se perdeu nos versos Ao que se desconhece Em tantos universos Ao que um dia fenece E transparece na face No íngreme de seus sulcos Dolorosos vales Por onde assobiam os ventos De onde sai a erupção dos tormentos Que vão, aos poucos, Arrancar, também, Os lentos esperares No despejo dos lares E quando repousares Não é virtude ou prêmio, Ou qualquer consolação Ao futuro, esse abstêmio, Dos prolongados gozos Brinda-se com o tempo Ainda que as taças Estejam sempre vazias.


Marco Villarta São José dos Campos, 21 de outubro de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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