top of page

Incondicional


O que aprendi do amor É ser necessário o outro A ponto de quase doer a saudade, na ausência, mas – isso é estranho – a epifania do quando ao lado É o sem fronteiras do afeto Liquefazendo as distâncias Entre duas formas de existir Os beijos são úmidos Como as lágrimas são liquidas Ambos são por onde os corpos fazem fluir Dois infinitos Caduceu Sagrada esfera do orbe Para muito além da compreensão Aprendi, também, A falsa aparência dos limites No espaço e no tempo A passagem para outros universos Tem que ser mesmo imaterial É vislumbre, esgueirado dos olhos Que atravessa discreto portal Não há causalidade, nem humana razão Não é, por assim dizer, Sequer sentimento. Pois sentidos podem cessar, perecer É mais que ser poeira das estrelas.. Talvez pólen, néctar do indizível Silêncio mais que abissal Do impossível traduzir Não existe amor-em-si Pois que é fenômeno Que se erige no ato mesmo de, contemplando, se entregar reconhecer-se no outro ver nele nossa face escondida do próprio olhar é querer ter nascido ao mesmo tempo e ter podido aprender junto a respirar no final não faz diferença que essa aprendizagem ocorre no acontecer Há nos olhos que se miram Uma lente ao infinito Bússola, medida do insondável Só quem sente pode ser grato Talvez nem aos anjos Seja dado experimentar Sentir que nunca estivemos sozinhos Mesmo antes De começar a sonhar.


Marco Villarta São José dos Campos, 28 de agosto de 2021

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

Copyright © 2025. Todos os Direitos Reservados

bottom of page