Incompletudes
- Marco Villarta

- 16 de mai.
- 1 min de leitura
Atualizado: 22 de mai.
Antes de tantos esboçados futuros
Diante de rotos, esburacados muros,
Aquém de nos descobrirmos frágeis
De nos perceber não sermos ilesos
Ao fluxo diário do viver cotidiano
Às dores do inevitável pulsar dos dias
Ao inexorável prosseguir do féretro
Às partes que nos mutilam por irem embora
Sem hora, sem nenhuma previsão
Tardias descobertas já no adiantado ocaso
Os vazios não se fazem anunciar
A desistência de achar as básicas respostas
A identificação com as mais várias mitologias
Às vezes somos Atlas, nas costas carregando o orbe
Outras, somos Dédalos, arquitetando ardis
Construindo intrincados, engenhosos labirintos
Para conterem os mais monstruosos terrores internos
E talvez, poeira das poeiras, sejamos mera cera
Nas asas de Ícaro ou nos ouvidos de Odisseu
Não sei se bastamos para evitar a loucura
Ou para derretermos sob a ingênua ânsia
De alcançar os interditos e proibidos céus
Desconheço se as hábeis aranhas, a Aracne fiéis
Ou as abelhas que produziram miraculosa resina
Participam conosco dos mistérios dessa desconexa trama
Se drama ou tragédia é o que nos pomos a encenar
Com venerada angústia, com estreita antevisão
Marco Villarta
Oliveira, 21 de abril de 2025.




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