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Incompletudes

Atualizado: 22 de mai.

Antes de tantos esboçados futuros

Diante de rotos, esburacados muros,

Aquém de nos descobrirmos frágeis

De nos perceber não sermos ilesos

Ao fluxo diário do viver cotidiano

Às dores do inevitável pulsar dos dias

Ao inexorável prosseguir do féretro

Às partes que nos mutilam por irem embora

Sem hora, sem nenhuma previsão

Tardias descobertas já no adiantado ocaso

Os vazios não se fazem anunciar

A desistência de achar as básicas respostas

A identificação com as mais várias mitologias

Às vezes somos Atlas, nas costas carregando o orbe

Outras, somos Dédalos, arquitetando ardis

Construindo intrincados, engenhosos labirintos

Para conterem os mais monstruosos terrores internos

E talvez, poeira das poeiras, sejamos mera cera

Nas asas de Ícaro ou nos ouvidos de Odisseu

Não sei se bastamos para evitar a loucura

Ou para derretermos sob a ingênua ânsia

De alcançar os interditos e proibidos céus

Desconheço se as hábeis aranhas, a Aracne fiéis

Ou as abelhas que produziram miraculosa resina

Participam conosco dos mistérios dessa desconexa trama

Se drama ou tragédia é o que nos pomos a encenar

Com venerada angústia, com estreita antevisão

 

Marco Villarta

Oliveira, 21 de abril de 2025.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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