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(In)dolência existencial

Rememorar as dores

É revivê-las?

Tê-las ao lado das mãos

No frente a frente dos olhos

Recolho as imperfeitas asas

E conto as penas feridas

As perdidas partes de mim

E, se assim, ainda me recupero

Espero na tênue expectativa

De que sobrevivo, respiro

E tiro de cada sopro

Mais uma impossível criação

Ouso, com ironia,

Assemelhar-me a um deus

Que bafeja na nesciência do nada

Habilidoso esboço da vida

Mas, infinitamente imperfeito

Faço atrapalhadas réplicas

Rapidamente me recomponho

Em minha mortal lucidez

As dores perduram

São o signo de estar por aqui

Vívido emblema do fluxo

Fugaz permanência

Do acontecer.

 

Marco Villarta

Lavras, 21 de maio de 2025.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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