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Ikelos

onho novamente

A morte se achega

Me encontra deitado

dolorido, mas em paz

me dá um beijo lento

e não há hálito ruim

tem o perfume

dos que já se foram

e me fizeram feliz

Ao acordar desconheço

de qual sonho dentro do sonho

me aconteceu emergir

sinto, no entanto,

que tudo é sempre sutil

os vapores da alma

o lento extinguir-se do corpo

preservo, do sonho,

a plácida paz de ser parte

de todas as redes

ser ponto de delicado motivo

do cósmico bordado

e sou, ao um só tempo,

todos e nenhum

um apenas e um único

ser

vou sendo

nas revoltas águas do rio

que se adensa em ilimitado mar

então me compadeço das dores

e respiro, enfim, o éter sagrado

me inebrio de serena quietude

Quantas vezes vou dormir

outra vez?


Marco Villarta

Oliveira, 24 de dezembro de 2023.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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