Geometrias
- Marco Villarta

- 12 de nov. de 2023
- 1 min de leitura
Sou do concreto
embora não pareça
que eu meça as distâncias
entre o ser e o estar
Sou do concreto
por calcular as lonjuras
das puras saudades
no que elas duram
por entre os momentos
distensos no tempo
Sou do concreto
por esquadrinhar os mergulhos
nos poços profundos
Pois os mundos dos sonhos
meus e dos outros
é abismo sem muros
mescla de passados, futuros
dores que tentam
às vezes, em vão,
comunicar-se nos gestos
emergir dos silêncios
na urgência dos viveres
haveres de quem se costura
nos fios duros da estrada
dessaberes dos quens
que a cada ponto da vida
mais desaprende
do que compreende
mais acumula dúvidas
do que concatena
sou do concreto
mesmo no desenho imperfeito
nos feitos suspensos
na geometria imperfeita
com que no canto da vida
soo estranho
um tanto desconexo
simples pelo avesso
como todos os demais
descomplexo
na (e)vidência da impossível
descoberta de tudo
da mera noção do que somos
do que sou ou espero
pulsante mutação do inquieto
quase sempre longe (ou perto)
da escuta do mundo.
Sou concreto
não pela dureza das misturas
Sou concreto
pela perene urgência da vida.
Marco Villarta
Minas Gerais, 12 de novembro de 2023.




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