Folia II
- Marco Villarta

- 3 de jun. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 8 de jun. de 2022
Stultifera navis, nave dos loucos Carrega aqueles de nós, tão poucos Que ousam ignorar a obrigatória submissão Que, alados, brincalhões, pousam nos fios, para a vergonha e o medo dos sãos Divinatória arte, alegre e pura contrição Que enraivece as performances dos que fingem Compungida normalidade, vívida profanação Dos sagrados votos, das falsas bandeiras Somos candeias, somos luz, ao invés Talvez anjos que vieram dar ao lugar errado Pois que, apaixonados, nos encantamos Da misteriosa vida sem temer secretamente Sem a mente em pane desconfiar da fé Que professam, ferozes, algozes até Os inquisidores de tempos vários Os sectários que, no fundo, duvidam de si Silenciam almas, dilaceram diáfanos corpos Por quem as calmas Graças choram piedoso pranto E, entendem, enfim, com sofrida resignação Ser inevitável a dor, o inescrutável manto Que nos separa do sublime, que nos enterra Na morte da irrepetível, sagrada oportunidade A verdade nunca esteve tão longe, tão distante Em cada instante é, louco, sim, desviar dos olhos Que aqui estamos todos, só aqui, para todo sempre Paraíso é mais que sonho, é memória do divino Lembrar de tantos existires, de vidas tantas Quantas são as lúcidas vontades de persistir.
Marco Villarta Lavras, 15 de novembro de 2021.




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