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Exílio

Sou estrangeiro

nessa terra da existência

Minha diáspora é respirar

minha ágora é estar só

por entre tantas faces

e, mesmo nos enlaces,

Me desconhecer

Sou estrangeiro

Na elocução da palavra

sinto o silêncio

do que o símbolo sobrepõe

sinto o imenso espaço

por entre cada pedaço de mim

desadivinho o improvável fim

Sou estrangeiro

nas retorcidas fibras do tempo

Aracne reconstrói com engenho

as teias nunca prontas do rememorar

Sou estrangeiro

de tantas memórias

do recontar de tantas histórias

Sou cronista de desconhecidos solos

e sinto atravessar universos

sem sequer sair do lugar

Sou estrangeiro de meu início

Sou estrangeiro de minha morte

forasteiro do que penso dizer...

Sou outro

Desesperançado de quem vai me decifrar...


Marco Villarta

Lavras, 05 de abril de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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