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Exéquias

E são nossos toscos rituais

Nossas ingênuas, às vezes fingidas, cronologias

O abraço dos desesperados

O aperto de mãos dos desvalidos

E por entre borbulhantes bebidas

Disfarçamos nossos andrajos

Pretendemos mostrar que vestimos

Finas sedas, jacquards adamascados

Mas é a esfolada pele

Não somente nossa

Mas dos outros convivas

Com quem repartimos

O exíguo espaço nas galés

Os universos ignoram relógios

Pois o tempo, se existe,

É uma teia, entrelaçada

Multidimensional

A cesura de tantos retalhos

É com fino fio das dores diárias

É com o fluido rio das nossas misérias

Do que fracassamos em entender

O descompleto tecer

A caixa de costura com as linhas ainda

A finda e abrupta continuidade

O avesso de todas as metades

A conta que se perde no meio

O esteio que soçobra

Inerte

morte

Sem porquês.


Marco Villarta

Jacareí, 11 de fevereiro de 2024.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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