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Exotopia


Imagino-me

Sentado no banco

À beira do rio

Talvez o Estiges

Quem sabe o Eufrates

Temo que seja

Aquele em que Borges velho

Encontrou-se

Com seu duplo jovem

Enfim, qualquer rio

Pois rios são mudança

Dialética amadora, a minha

Que vê

na transformação

Eterna constância

De costas para o rio

Vejo as pessoas andando

Me pergunto

De que matéria é feita

A carne de cada uma

Da erva que nutriu

Um esquecido dinossauro

De substâncias etéreas

De alienígenas origens

Ou

Simplesmente

De dores

Dúvidas

e sonhos

Temores

Calafrios

Fúnebres certezas.

Estranha essa solidão

Cárcere do corpo

Não poder sentir

O que o outro sente

Miséria ou riqueza

Ter que criar ficção

Para apre(e)nder o real.


Marco Villarta

2016

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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