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Eterno tributo

Para Neusa Cardoso


Sei que nos multivérsicos planos

Nas incontáveis dimensões

Se você for minha esposa

Serei novamente seu marido

Numa transfusão de puro amor

Se você for minha irmã

Serei seu mais cúmplice irmão

Se você for minha mãe

Serei seu mais devotado filho

Se você for inatingível rainha

Serei súdito mais leal

Se, como desconfio, formos tantos

Quantos sejam tais dimensões

Serei a um só tempo tudo junto

E muitos mundos serão pouco

Para o que eu a você dedicarei

Se eu for, do deserto, a árida areia

Você será fina chuva, doce garoa

Se eu for a escura e invisível energia

Do cosmos em seus mais remotos confins

Você será a luz viajando sem se cansar

Para me iluminar com seu doce sorrir

Enfim, se eu for de desconhecidas matérias

Você será as artérias que me alimentarão

Os canais de pura seiva que me suprirão

De plena vida, de suficiente e forte razão

Para enfrentar os éons interdistantes

Para acreditar que nos universos

Há maior poder que mil supernovas

Que bilhões de cósmicas armadilhas

Para confiar que já fomos e ainda seremos

Para além do que chamamos de sempre

Mais do que eternamente, simplesmente

Permaneceremos como somente podemos

Nós ainda continuaremos sendo um.


Marco Villarta

Lavras, 23 de junho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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