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Escatologia



Quanto dura a viagem ?

Qual o destino

Desatino

Desato os nós

Mas sem outros

Somos sós

Perder-se no caminho

Até tornar-se a própria estrada

Já não sei mais quantas

Desistências

De existências

Que já não poderiam mais ser

Vivo aprendendo o devir

Mas saber-se agora

É desconhecer-se antes

Ter medo do suposto depois

Inundar-se na lágrima

Que ainda não caiu

Afogar-se no suor

Ainda por escorrer

Se o cansaço deixar

Pois que há um cansar-se

De poder se cansar

Um viver que é exercício

De(s)viver

Quem inventou a dialética

Era um sátiro

Um goblin malvado

Ou um deus insensato

Ironia extrema

É estar povoado esse mundo

Desses humanos

Fadados ao término

Não porque algo não seja

Porque, ao invés,

Findamos antes

Em nos sabermos mortos

Em cada ato

Pois que são faces da mesma moeda:

Esquecermos ou lembrarmos

O

Fim.


Marco Villarta

27 de setembro de 2018.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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