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Deserto

O que há no deserto ? O que forma as solitárias dunas ? Os grãos de areia, ao certo Estão para além das metáforas Ágoras de lugar nenhum pólis de invisíveis cidadãos Hades de guerreiros sombrios Fugidios terreiros, desconexos platôs Há os ventos, os labirintos sem muros Escuros tormentos, ainda que na luz No escaldante mormaço Há as miragens, os oásis de ilusão Seja como for, deserto não é ausência De seres, de profusa vegetação Seja de perto, seja de longe Não importa Deserto é lonjura, imensidão Opressiva extensão de morte Forte que guarda inútil fronteira Farol de mar que já secou Deserto é o mais próximo que sabemos do absoluto Sabe nos hospedar na nossa infinita pequenez É terror. É desconhecer o quanto há de vazio É paradoxo, porque é frio Indiferente às dores dos seres que por lá vagueiam.

Marco Villarta Lavras, 03 de dezembro de 2021.


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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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