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Deirdre of sorrows


Quando fomos celtas

Doeu em nós

Em nosso impossível amor

O lamento de perda tão brutal

Por que o corvo de negras penas

Não pode voar livre pelos campos?

Por que a torre que prende

Perdura, e, mesmo quando,

Felizes, se amavam

Em outros solos de celta moradia?

Sim, eu me lembro

Do instante

Em que lá nos conhecemos

Seus cabelos ruivos, presos

Em delicadas tranças

E sua voz em trêmulo falsete

Cantando as dores

Que seriam nossas

Hoje sei por que

Estremeci

Pensei te conhecer

Mas conhecer é recordar

Mesmo no silêncio da imagem

A canção de séculos atrás...

Foi em sonho que me lembrei

Do gaélico adocicado por seus lábios

Somos e fomos

Num sem-fim de tempos

Espaços e histórias

O que está escrito no infinito

Inscrito nas almas

Para sempre

Somente um.


Marco Villarta

Lavras, 31 de julho de 2022.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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