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De rerum natura*

Atualizado: 19 de jun. de 2022


Somos todos um Na unidade do que nos acontece No que vivemos juntos Costume estranho classificar a natureza como uma monarquia Reinos... A hierarquia que há Há de ser n-dimensional toroidal Somos miceliais Cada espécie como uma escrita Engenhosa configuração Signos de existência No cosmos numinoso Mistério para além do nosso olhar Esquecer que somos também animais Quase que como o universo Fosse nossa criação Olhar as plantas como acessórios Mera decoração da sala de estar E nos fascinarmos pelos desertos alheios Ainda que também belos Na sua aspereza Na sua sintaxe de ausência... Somos todos um Na finitude incompreensível Na perplexidade do existir Na complexidade frágil Da efêmera vida Somos todos um Nos éons em que nos sonha A incognoscível divindade O que haverá Quando o absoluto desperta Será memória ? Um silêncio cerimonial ? Como Poe vaticinou Há sempre um sonho dentro de um sonho Um sono fractal Que desconhece nossas humanas Separações Como as líquidas águas de um rio Podem demarcar fronteiras, Permitir nomear territórios ? Por que estreitas passagens Um todo se comunica com outro Sem deixar de ser único Singular ? Quais misteriosos caminhos Dão acesso aos segredos Que o mundo sussurra Feito canção de ninar O seu deus que o sonha ? À intangível realidade De que somos feitos Sem jamais a conhecer A não ser por mediações Intermédios Intermezzos Entremeios Entrelugares Fugazes Solenes Perenes Talvez singelos demais Para nosso entender.


Marco Villarta Lavras, 02 de agosto de 2021

*Sobre a natureza das coisas

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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