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DE AMANDI NATURA


O que dizer do amor ? Se as palavras são um chão sem dono Como tomar posse de seus símbolos ? Dizer o amor pode ser ambíguo Já que símbolo é uma coisa no lugar de outra Mas há amor sem o dizer do outro A quem dizemos amar ? Nesse dizer-fazer O amor sabe não saber-se Desconhece-se descobrindo-se Reconhece-se renascendo Dizer o amor é enfrentar o clichê Porque há mais pessoas que palavras É, também, estar face-a-face Com o incomunicável Da coexistência em corpos separados Mas, em alguma coisa como almas Como uma reminiscência De um possível paraíso perdido Mas o amor transcende os paraísos Porque os inventa Sem precisar de dogmas Sem empunhar a espada Nem queimar os hereges Amar, de uma certa maneira, É desconfiar ter nascido junto Saber-se morto sem o outro Temer o fluxo do tempo Ser grato ao fortuito Milagre de ser.


Marco Villarta 24 de outubro de 2017.

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Marco Villarta

Professor universitário, pesquisador, poeta, ensaísta, escritor, tradutor. Doutor em Letras. Nascido em São José dos Campos/SP - Brasil. Curioso pela vida e pelas pessoas, pela arte e pelos sonhos.

Membro correspondente da Academia Jacarehyense de Letras

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