Corpus
- Marco Villarta

- 16 de abr. de 2023
- 1 min de leitura
Corpos são continentes
Porque são recipientes
Copos de denso viver
Mas são também
Grandes ilhas
Isolados
Insulados
Perímetros de perplexidade
Oxidando-se cotidianamente
E, feito lei da física,
A quantidade do existir
É inversamente proporcional
À escassez de respostas
Composições de imprevisível harmonia
Improviso sempre
Sem saber de onde flui
O rebelde rio da vida
Nem onde deságua
o correr dessas
destemperadas
insossas águas
Corpos são a própria seiva
E se exaurem
De tantas secreções
De humores tais
De dores quais
Que silentes
Dormentes já
Sussurram socorros
Rastejam no escuro
Festejam os ruidosos nascituros
E carpem bem baixinho
As mortes várias
os perenes funerais
os corpos são cinzas
no antes e no depois
são o que temos
hóspedes da alma
ou talvez...
Marco Villarta São José dos Campos, 24 de fevereiro de 2023




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